07/02/2015

Lucian Tudor - O Verdadeiro Dugin

por Lucian Tudor



Aleksandr Dugin é atualmente bastante conhecido nos círculos "de direita" de todo tipo ao redor do mundo - estejamos falando de nacionalistas, fascistas, tradicionalistas, conservadores, ou identitários. Após a tradução de seu livro A Quarta Teoria Política em 2012, Dugin recebeu uma quantidade significativa de atenção internacional de todo mundo interessado em teoria conservadora ou de direita. Desde então, um número de outros ensaios de Dugin sobre os tópicos do eurasianismo (também chamado "eurasismo") e também da teoria do mundo multipolar (ambos os quais estão interconectados bem como com o que ele chama de Quarta Teoria Política) foram traduzidos ao inglês, entre outras línguas, nos permitindo uma melhor visão sobre seu pensamento.

Não há necessidade de discutir as teorias do Dugin profundamente aqui, já que seus próprios ensaios já o fazem suficientemente. Porém, apareceu um problema entre direitistas no ocidente em relação ao Dugin: ainda que muitos tenham apreciado suas obras, um grande número simplesmente o descartaram ou atacaram e a suas teorias fundamentalmente com base em incompreensões ou propaganda dos inimigos políticos de Dugin. A situação certamente não é auxiliada pelo fato de que escritores identitários conhecidos como Greg Johnson, Michael O'Meara, Domitius Corbulo, e alguns outros denunciaram Dugin com raciocínios baseados nessas incompreensões. Pessoalmente, eu já considerei essas críticas como sendo essencialmente válidas, mas após uma investigação mais profunda dos escritos e pensamento do Dugin, eu concluí que essas críticas estavam baseadas em premissas e hipóteses equivocadas. Minha intenção aqui é apontar que as razões mais comuns para se denunciar Dugin tem sido baseadas em erros e propaganda ao invés de realidade.

Posição sobre Raça

Primeiramente, uma das questões mais difíceis é a afirmação de que Aleksandr Dugin acredita que a raça não possui realidade substancial, que ela é um "construto social" e deve ser completamente abandonada como um produto danoso da sociedade ocidental moderna. Certamente, ele critica a teoria racialista, mas isso não é o mesmo que rejeitar a raça como um todo (já que se pode afirmar a importância da raça sem recorrer ao "racismo". Ver meu ensaio "Relações Étnicas e Raciais"). Deve ser admitido que Dugin não expressou uma posição absoluta na questão racial, e ocasionalmente ele faz afirmações que implicam uma desconsideração da raça (ainda que seja importante que de modo geral ele deixe a questão em aberto). Por outro lado, ele também já fez várias afirmações implicando apreciação pela identidade racial, tal como quando ele escreveu o seguinte:

"Sendo eu mesmo branco e indo-europeu, eu reconheço as diferenças de outros grupos étnicos como sendo algo natural, e não acredito em qualquer hierarquia entre povos, porque não há e não pode haver qualquer medida universal comum pela qual medir e comparar as várias formas de sociedades étnicas ou seus sistemas de valor. Eu tenho orgulho de ser russo exatamente como americanos, africanos, árabes ou chineses tem orgulho de ser o que são. É nosso direito e nossa dignidade afirmar nossa identidade, não em oposição a outras, mas enquanto tal: sem ressentimento ou sentimentos de auto-piedade". (citado de "Aleksandr Dugin sobre 'Nacionalismo Branco' & Outros Aliados Potenciais na Revolução Global").

Vamos assumir, porém, só para argumentar, que Dugin acredite de fato que a raça é um "construto social", como alguns dizem. Isso seria suficiente para declarar Dugin um intelectual subversivo infiltrado na Direita? Se este fosse o caso, então se seguiria pelo mesmo raciocínio que qualquer intelectual de direita do passado que não acreditasse na importância da raça (ou pelo menos na forma biológica da raça) também deve ser denunciado. Isso incluiria pensadores notáveis como Oswald Spengler, Francis Parker Yockey, Othmar Spann, José Antonio Primo de Rivera, Oswald Mosley, e vários outros intelectuais e líderes fascistas ou nacionalistas que não davam muita importância para a raça física. Ainda assim, paradoxalmente, muitos daqueles que vemos denunciando Dugin hoje não fariam o mesmo com esses pensadores. Isso não é para implicar que intelectuais fascistas ou nacionalistas prévios sejam inteiramente válidos para nós hoje (de fato, a Nova Direita rejeita o fascismo e o nacionalismo ultrapassado), é apenas para apontar a contradição que ainda não foi percebida.

Ademais, é importante lembrar que Dugin claramente acredita na importância da etnia e cultura e defende o separatismo étnico. Similarmente aos pensadores völkisch e conservadores revolucionários alemães, Dugin inequivocamente situa o Volk como um dos valores supremos de sua filosofia: "O sujeito dessa teoria [a Quarta Teoria Política], em sua versão simples, é o conceito 'Narod', aproximadamente, 'Volk' ou 'Povo', mas não no sentido de 'massa'" (citado de "O Quarto Estado: História e Significado da Classe Média"). Assim, é claro que mesmo que ele não valorize a raça, Dugin certamente valoriza a identidade etnocultural. Obviamente, isso não significa que rejeitar a realidade da raça não seja problemático, mas simplesmente não é suficiente para denunciar um filósofo. Porém, aqueles que gostam de dizer que Dugin desconsidera a raça como "construto social" são reminiscentes daqueles que dizem o mesmo sobre Alain de Benoist, enquanto é evidente que De Benoist defende a realidade da raça e defende o separatismo racial - especificamente desde uma perspectiva não-racista - em muitos de seus escritos, um dos mais notáveis sendo "O que é Racismo?"

Império vs. Imperialismo

A segunda noção problemática sobre Dugin é que ele defende algum tipo de imperialismo russo, usualmente sugerido como sendo de tipo stalinista ou soviético. Porém, essa afirmação não tem base na realidade, já que ele denunciou o imperialismo soviético e também distinguiu entre império autêntico e imperialismo (o que também foi feito por Julius Evola e muitos outros autores tradicionalistas e da Nova Direita). Em seu ensaio "Princípios Centrais da Política Eurasiana", Dugin afirmou que há três tipos básicos de política na Rússia moderna: soviética, pró-ocidental (liberal) e eurasiana. Ele critica os tipos soviético e liberal, e defende a política eurasiana: "O eurasianismo, nesse sentido, é um 'pragmatismo patriótico' original, livre de qualquer dogmática - seja ela soviética ou liberal... O padrão soviético opera com realidades políticas, econômicas e sociais obsoletas, ele explora a nostalgia e a inércia, carece de uma análise sóbria da nova situação internacional e do desenvolvimento real das tendências econômicas mundiais". Deve ser claro a partir da análise do Dugin das diferentes formas de abordagens políticas que a sua própria perspectiva não é baseada no modelo soviético, que ele explicitamente rejeita e critica.

Ademais, é quase sempre esquecido que quando Dugin defende um império ou união eurasiana, há uma distinção entre império autêntico - no sentido tradicionalista - e imperialismo, e assim um império não é necessariamente um Estado imperialista (para uma boa visão desse conceito, ver "A Idéia de Império" de Alain de Benoist). Diferentemente de Estados imperialistas, a União Eurasiana visualizada por Dugin garante um nível de auto-governo às regiões dentro de um sistema federalista:

"A unidade estratégica indubitável no federalismo eurasiano é acompanhada pelo pluralismo étnico, pela ênfase no elemento jurídico dos 'direitos dos povos'. O controle estratégico do espaço da União Eurasiana é garantida pela unidade de gerenciamento e pelos distritos estratégicos federais, em cuja composição várias formações podem ingressar - de etnoculturais a territoriais. A diferenciação imediata de territórios em vários níveis acrescentará flexibilidade, adaptabilidade e pluralidade ao sistema de gerenciamento administrativo em combinação com um rígido centralismo na esfera estratégica". (citado de "Princípios Centrais da Política Eurasiana").

É claro, deve ser lembrado também que a visão de Dugin precisa ser diferenciada das políticas do Estado russo atual, que, nesse momento, não representam adequadamente os objetivos eurasianos (apesar da influência do eurasianismo sobre alguns políticos). Ademais, deve ser mencionado que ainda que Dugin atualmente apoie o presidente Putin, é evidente que ele não aceita de forma acrítica todas as políticas do governo de Putin. Portanto, uma análise correta das políticas propostas de Dugin não vai equipará-las com as do governo russo, como alguns de seus críticos erroneamente tem feito.

O "Ocidente" como o Inimigo

Outro erro comum é o de que Dugin é hostil à civilização européia ocidental e até defende sua completa destruição. É importante reconhecer que a concepção de "Ocidente" do Dugin é similar à defendida pela Nova Direita Européia (nas obras de Pierre Krebs, Alain de Benoist, Guillaume Faye, Tomislav Sunic, etc.). O "Ocidente" não é uma referência a toda a civilização européia ocidental, mas sim à formulação específica da civilização européia ocidental fundada no liberalismo, igualitarismo e individualismo: "A crise da identidade [...] riscou todas as identidades prévias - civilizacional, histórica, nacional, política, étnica, religiosa, cultural, em favor de uma identidade planetária universal ocidental - com seu conceito de individualismo, secularismo, democracia representativa, liberalismo político e econômico, cosmopolitanismo e a ideologia dos direitos humanos". (citado da entrevista com Dugin, "Civilização enquanto Conceito Político").

Assim, Dugin, como a Nova Direita, afirma que o "Ocidente" é na verdade alógeno à cultura européia autêntica - que ele é na verdade o inimigo da Europa: "O atlantismo, o liberalismo e o individualismo são todas formas de mal absoluto para a identidade indo-européia, já que eles são incompatíveis com ela" (citado de "Aleksandr Dugin sobre 'Nacionalismo Branco' & Outros Aliados Potenciais na Revolução Global"). Similarmente, em sua citação aprovadora da filosofia cultural de Alain de Benoist, ele escreveu o seguinte:

"Alain de Benoist estava construindo sua filosofia política a partir da rejeição radical dos valores liberais e burgueses, negando o capitalismo, o individualismo, o modernismo, o atlantismo geopolítico e o eurocentrismo ocidental. Ademais, ele opunha 'Europa' e 'Ocidente' como conceitos antagônicos: a 'Europa' para ele é um campo de disposição de um Logos cultural especial, vindo dos gregos e interagindo ativamente com a riqueza das tradições celta, germânica, latina, eslava e outras da Europa, e o 'Ocidente' é o equivalente da civilização racionalista, mecanicista, materialista baseada na predominância da tecnologia acima de tudo. Seguindo Spengler, Alain de Benoist compreendia o 'Ocidente' como o 'declínio do Ocidente' e junto de Nietzsche e Heidegger estava convicto da necessidade de superar a modernidade enquanto niilismo e o 'abandono do mundo pelo Ser (Sein)" (Seinsverlassenheit). O Ocidente nesse entendimento era idêntico a liberalismo, capitalismo e sociedade burguesa - tudo que a 'Nova Direita' reivindicava superar. (citado de "Contra-Hegemonia na Teoria do Mundo Multipolar").

Enquanto Dugin ataca o "Ocidente" enquanto civilização liberal moderna, ele simultaneamente defende a ressurreição da Europa em sua visão do mundo multipolar: "Nós imaginamos essa Grande Europa como uma potência geopolítica soberana, com sua própria identidade cultural forte, com suas próprias opções políticas e sociais..." (citado de "O Projeto da Grande Europa"). Similarmente às afirmações anteriores que citamos, ele afirma aqui que a cultura européia possui múltiplos elementos ideológicos e caminhos possíveis em sua história que são diferentes do modelo liberal: "A democracia liberal e a teoria do livre-mercado respondem por apenas uma pequena parte da herança histórica européia e que tem havido outras opções propostas e questões trabalhadas por grandes pensadores, cientistas, políticos, ideólogos e artistas europeus".

Domitius Corbulo afirmou, com base em afirmações feitas por Dugin na Quarta Teoria Política que o liberalismo e o universalismo são elementos presentes ao longo de toda a civilização ocidental, que Dugin condena a cultura européia ocidental em sua totalidade. Porém, é importante reconhecer que esses argumentos são pegos em sua maioria de autores europeus ocidentais como Spengler, Heidegger e Evola. Esses autores também reconheceram que elementos anti-universalistas, anti-liberais e anti-materialistas também existem na cultura européia ocidental, e assim que sempre houve outros caminhos para o destino dessa cultura. É evidente que Dugin afirmaria o mesmo fato a partir de seus ensaios que citamos aqui (bem como de livros ainda não disponíveis em inglês como "O que é o Eurasianismo?" "Por uma Teoria do Mundo Multipolar", entre outros). É importante lembrar aqui que A Quarta Teoria Política não é uma afirmação completa e perfeita do pensamento de Dugin, e que o que ele diz ali deve ser comparado com o que ele diz em suas outras obras.

É normalmente assumido que, considerando sua hostilidade ao "Ocidente" liberal, Dugin também defende uma destruição completa dos EUA, que é visto como epítome do "Ocidente". Porém, a própria essência de sua teoria do mundo multipolar é a idéia de que cada civilização e nação deve ter o direito de viver e determinar seu próprio destino, forma política e modo de vida. Por essa razão, Dugin defende o combate global ao imperialismo econômico e cultural americano, que desnaturaliza culturas não-ocidentais. Porém, no esquema multipolar, os EUA também tem direito a existir e escolher seu próprio caminho, o que significa permitir que os americanos sigam vivendo no modelo liberal no futuro, caso eles desejem fazê-lo. É claro, o modelo liberal seria naturalmente desencorajado em outros lugares e sua influência sofreria limitações. Essa posição pode ser deduzida dos principais ensaios de Dugin explicando a Teoria do Mundo Multipolar: "O Mundo Multipolar e a Pós-Modernidade" e "Multipolarismo como Projeto Aberto".

A Quarta Teoria Política vs. Tradicionalismo Reacionário

Alguns autores, como Kenneth Anderson ("Especulando sobre futuras alianças políticas e religiosas"), tem interpretado o pensamento de Dugin como uma forma de Tradicionalismo Radical (seguindo Evola e Guénon) que é completamente reacionária em sua natureza, rejeitando tudo no mundo moderno - inclusive todo desenvolvimento tecnológico e científico - como algo negativo que precisa ser eventualmente desfeito. Essa interpretação pode ser facilmente refutada quando se examina as afirmações de Dugin sobre Tradicionalismo e modernidade mais de perto. É verdade que Dugin reconhece pensadores Tradicionalistas como Evola e Guénon entre suas influências, mas também é claro que ele não concorda plenamente com suas perspectivas e defende sua própria versão de conservadorismo, que é muito mais próxima do Conservadorismo Revolucionário alemão (ver A Quarta Teoria Política, pp. 86 ff.).

Diferentemente de alguns Tradicionalistas, Dugin não rejeita o progresso científico e social, e assim também se pode dizer que ele não rejeita o Iluminismo in totum. Quando Dugin critica a filosofia iluminista (a ideologia do progresso, do individualismo, etc.) não é exatamente na maneira dos Tradicionalistas Radicais, mas da Revolução Conservadora e da Nova Direita, como foi feito por Alain de Benoist, Armin Mohler, etc. Nesse sentido, pode ser mencionado que criticar a ideologia do progresso é, certamente, muito diferente de rejeitar o progresso em si. De modo geral, ele não defende a superação do "mundo moderno" no sentido Tradicionalista, mas no sentido da Nova Direita, o que significa eliminar o que é ruim no mundo moderno para criar uma nova ordem cultural que reconcilie o que é positivo na sociedade moderna com a sociedade Tradicional. Assim Dugin afirma que uma das idéias mais essenciais da filosofia eurasiana é a criação de sociedades que restaurem valores espirituais e Tradicionais sem abandonar o progresso científico:

"A filosofia do eurasianismo procede da prioridade de valores da sociedade tradicional, reconhece o imperativo da modernização técnica e social (mas sem romper com raízes culturais) e busca adaptar seu programa ideal à situação da sociedade pós-industrial informacional dita 'pós-moderna'. A oposição forma entre tradição e modernidade é removida no pós-moderno. Porém, o pós-modernismo em seu aspecto atlantista as nivela desde a posição da indiferença e do exaurimento de conteúdos. A pós-modernidade eurasiana, pelo contrário, considera a possibilidade de uma aliança de tradição com modernidade como sendo um impulso criativo, enérgico que induz imaginação e desenvolvimento. (citado de "Missão Eurasiana"). 

Deve ser evidente dessas afirmações que Dugin não é um reacionário, apesar de sua simpatia pelo Tradicionalismo Radical. Nesse sentido, vale a pena mencionar que Dugin também apoiar uma forma de socialismo de "Terceira Posição" bem como uma forma não-liberal de democracia. Em relação ao socialismo, ele escreveu que a "confusão da humanidade em um único proletariado global não é um caminho para um futuro melhor, mas um aspecto absolutamente negativo e incidental do capitalismo global, que não abre quaisquer prospectos novos e só leva à degradação de culturas, sociedades e tradições. Se povos tem de fato uma chance de organizar resistência efetiva ao capitalismo global, é apenas onde idéias socialistas são combinadas com elementos de uma sociedade tradicional..." (de "Multipolarismo como Projeto Aberto"). Enquanto alguns tem acusado Dugin de ser anti-democrático, ele claramente defende a idéia de um "império democrático": "O sistema político da União Eurasiana da maneira mais lógica se baseia na 'democracia de participação' (a 'demotia' dos eurasianos clássicos), a ênfase sendo não no aspecto quantitativo, mas no qualitativo da representação" (citado de "Princípios Centrais da Política Eurasiana"; ver também comentários sobre democracia em "Marcos do Eurasianismo").

Referências a Esquerdistas e Marxistas Culturais

Finalmente, um dos ataques mais recentes a Dugin se baseia em sua referência a filósofos marxistas culturais e "esquerdistas", o que é visto por alguns como indicativo de que o próprio Dugin simpatiza com o marxismo cultural. Porém, Dugin claramente apontou que ainda que ele use idéias de teóricos marxistas e de "esquerda", ele rejeita suas ideologias como um todo: "A segunda e terceira teorias políticas [fascismo e marxismo] devem ser reconsideradas, selecionando nelas o que deve ser descartado e o que possui valor em si mesmo. Enquanto ideologias completas elas são inteiramente inúteis, seja no plano teórico, seja no plano prático". (citado de A Quarta Teoria Política, p.24).

Se é possível notar que Dugin ocasionalmente faça uso de teóricos marxistas, então não deve ser ignorado que ele põe ainda mais importância em pensadores de direita, que claramente formam a influência principal sobre ele; os intelectuais da Revolução Conservadora (Heidegger, Schmitt, Moeller van den Bruck, etc.), a Escola Tradicionalista (Evola, Guénon, Schuon, etc.), a Nova Direita (Benoist, Freund, Steuckers, etc.), e estudiosos religiosos conservadores (Eliade, Durand, etc.). Ademais, Corbulo levanta a objeção ao uso por Dugin da obra de Claude Levi-Strauss, mas pensadores respeitados da Nova Direita como Alain de Benoist e Dominique Venner também faziam uso das idéias de Levi-Strauss em questões de cultura e etnia, entre outros autores que Dugin usa, como Jean Baudrillard.

Em uma entrevista recente, Dugin claramente concordou com a posição da direita européia sobre a imigração (que defende a restrição da imigração não-européia), mencionando a ameaça que o cosmopolitismo liberal leva à cultura européia: "A imigração modifica a estrutura da sociedade européia. A população islâmica possui uma identidade cultural muito forte. A população européia enfraquece sua própria identidade mais e mais de maneira consciente. É o dogma ideológico dos direitos humanos e da sociedade civil individualista. Assim a Europa está em perigo e está prestes a perder sua identidade". (citado de "O Ocidente deve ser rejeitado"). Assim, quando tomamos uma visão menos viciada dos escritos e afirmações de Dugin, fica claro que sua posição geral está muito longe da de marxistas culturais e da Nova Esquerda.

A partir de nossa análise até agora, deve ser óbvio que há muitos equívocos sobre o pensamento de Aleksandr Dugin sendo circulados entre direitistas. Esses equívocos estão sendo usados para desconsiderar o valor de sua obra e enganar membros de grupos de direita fazendo-os acreditar que Dugin é um intelectual subversivo que deve ser rejeitado como inimigo. Muitos outros importantes intelectuais de direita tem sido similarmente desconsiderados entre certos círculos, graças às práticas de um certo tipo de gleichschaltung de grupo, fechando qualquer pensador que não seja visto como imediatamente concordável. É importante superar tais tendências e apoiar uma expansão intelectual da direita, que é a única maneira de superar a hegemonia liberal-igualitária atual. As pessoas precisam dar uma olhada mais cuidadosa e aberta nas obras e idéias de Dugin, bem como outros pensadores controversos. É claro, Dugin não deixa de ter suas falhas e imperfeições (como qualquer outro pensador), mas essas falhas podem ser superadas quando seu pensamento é balanceado com o de outros intelectuais, especialmente os da Revolução Conservadora e da Nova Direita.